Erro grave no “CE1” expôs problemas no jornalismo da Verdes Mares

Mídia Cearense
3 min readJul 14, 2019

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Luiz Esteves aponta para suposto agiota colombiano que foi preso por agiotagem em Pentecoste. O homem na foto é o jogador de futebol francês Paul Pogba (Imagem: Reprodução/YouTube)

Virou assunto do UOL: o “CE1” da última sexta-feira (12) chamou atenção para um suposto agiota que foi preso após investigação do Ministério Público no município de Pentecoste. Além de exibir a fotografia do suspeito, também foram exibidas imagens dos itens apreendidos pelas autoridades. No entanto, a imagem associada ao colombiano era do jogador de futebol francês Paul Pogba, do Manchester United. O equivoco foi corrigido pelo âncora Luiz Esteves momentos depois.

O erro não surpreende. Desde a mudança ocorrida em outubro do ano passado, em que o Sistema Verdes Mares lançou oficialmente a sua redação integrada, jornalísticos da TV Verdes Mares e da TV Diário viraram alvo de memes (e de críticas também) por constantes erros nos seus GCs (as tarjas informativas), desde ortográficos até de concordância.

O que aconteceu sexta-feira parece ter sido o “ápice”, pois não houve apuração pra descobrir se a pessoa da foto realmente se tratava do agiota preso e acabaram criminalizando outra pessoa. Grave, a falha do “CE1” é sempre relacionada a jornais policiais, que já sofreram diversas condenações judiciais por acusarem pessoas por crimes que não tinham cometido. E quando é possível comparar um telejornal padrão Rede Globo (que sempre foi uma alternativa ao sangue e a violência da hora do almoço) com um programa policial, é preciso rever os conceitos. E se não tivesse sido o Pogba, mas sim um anônimo qualquer confundido com um “criminoso de alta periculosidade”?

Dois momentos em que produções da TV Verdes Mares e da TV Diário viralizaram ao informar “mudança de local” da Lagoa da Parangaba e ataque de “assaltantes mortos” em escola profissionalizante. (Foto: Reprodução)

Quem assiste o “CE1” já percebeu que o jornal não é o mesmo desde abril, com a saída de Marcos Gomide da direção de jornalismo. Gustavo Bortoli, profissional que atuava na mesma função na TV Centro América (afiliada à Globo no Mato Grosso), trouxe pra cá o modelo de telejornal que havia implantado lá: mais descontraído, quebrando as formalidades e trazendo uma interação com o público através do WhatsApp. Quem acompanha de lá associa ao “Balanço Geral”, jornalístico popular da Record que foi trazido pela TV Cidade no final de abril (coincidência?).

Com o novo modelo de jornalismo, os três telejornais diários da Verdes Mares foram diretamente impactados, mas o que teve mudanças mais ‘drásticas’ foi o “CE1”. No começo, a interatividade e a descontração eram fatores positivos e que mereceram elogios. No entanto, vários telespectadores começaram a reclamar do que começou a vir gradativamente: uma mudança nas pautas, com muito foco no “plantão policial”, um Luiz Esteves mais falador e uma ênfase (quase que exagerada) num assunto só — neste último ponto posso citar o acidente com um ônibus que ocorreu na segunda-feira passada, onde tentaram tirar “leite de pedra” do pouco material que receberam via WhatsApp. As novidades podem até terem surtido efeito na audiência, mas é visível o impacto que isso traz ao comprometer a informação repassada ao público.

Logo mais, o “CE1” deverá passar por outra mudança com a futura estreia de Nádia Barros no comando do jornal ao lado de Luiz Esteves. Visto que uma das reclamações era de que a Patrícia Nielsen (deslocada para o “CE2” em junho) estava perdendo o destaque, não é necessário rever essa “desconstrução” do jornal? Talvez, buscar um equilíbrio entre o jornalismo responsável e a descontração pra não acabar virando um “Rota 22 gourmetizado”? Pontos para reflexão.

“CETV” em 2014, um típico jornal de bancada formal. Em 2019, o “CE1” já era conhecido pela informalidade e por usar todos cantos do estúdio. (Imagem 1: Reprodução / Pedro Mídia)

A propósito: Descontração e informalidade são lemas que já estão chegando ao jornalismo global, mas sem perder a estrutura e a linearidade de um telejornal tradicional. Quem quiser conferir exemplos disso basta conferir conteúdos recentes dos jornais “Hora Um da Notícia” (nacional) e “Bom Dia SP” (local).

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